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Prosa e Poesia: Você sabe a diferença?

A análise de um comentário, uma narração ou uma descrição geralmente criada em linguagem denotativa pode ser entendida como prosa, em que o sentido literário entra em confronto com o conceito de poesia. A prosa designa um texto no qual o autor se preocupa em criar uma representação por meio de personagens do mundo interior, interagindo num determinado espaço e durante certo tempo. Em outras palavras, prosa é um texto de linguagem objetiva, usual, o veículo comum do pensamento.

Exemplos:

Illuminations, de Arthur Rimbaud
Marotos muito sólidos. Vários exploraram vossos mundos. Sem necessidade, e sem pressa de aplicar suas brilhantes faculdades e seus conhecimentos de vossas consciências. Que homens maduros! Seus olhos embotados deverão ser como as noites de verão, negros e vermelhos, de três cores, de aço picotado por estrelas de ouro; fácies disformes, de estanho, lívidas, incendidas; grosseiras galhofas! O avanço cruel dos ouropéis! – Há alguns jovens – que achariam de Cherubino? – dotados de vozes apavorantes e de alguns apetrechos perigosos. Costumam mandá-los se virar na cidade, pavoneando um luxo degradante.

Grande Sertão Veredas
Reze o senhor por essa minha alma. O senhor acha que a vida é tristonha? Mas ninguém não pode me impedir de rezar; pode algum? O existir da alma é a reza… Quando estou rezando, estou fora de sujidade, à parte de toda loucura. Ou o acordar da alma é que é?

Já a poesia é a linguagem carregada de emoção, com ritmo melódico constante, bela e indefinível como o mundo interior do poeta. Os textos feitos nesse formato deixam os sentimentos à flor da pele, pois falar da realidade de dentro para fora acaba por deixar que cada leitor interprete-a de modo diferenciado, pois ela se constitui de um aspecto único, conhecido como subjetividade. Em outras palavras, poesia se refere ao conteúdo.

Exemplo:

Soneto da Fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa dizer do meu amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Morais

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